Olá designers!
Hoje se comemora os 101 anos da fundação da escola que inspirou o design no mundo todo, a Bauhaus, vamos falar um pouco sobre a sua história e realizações.
A Statliches Bauhaus, escola criada pelo arquiteto berlinense Walter Gropius foi o sonho concretizado de uma Universidade de Arte semeado anteriormente por William Morris (1834-1896), que procurou resgatar a relação entre o artista e o artesão perdida com a consagração do industrialismo. Inicialmente, como instituição estatal, a escola alemã era financiada pelos fundos dos conselhos municipais das cidades que a abrigaram, primeiramente Weimar, de 1919 a 1925; depois Dessau, de 1925 a 1932, e finalmente Berlim, de 1932 a 1933, onde foi fechada pelo nazismo.
Qual é a data da fundação da Bauhaus?
12 de Abril de 1919
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História da Bauhaus – Linha do Tempo
A primeira fase da escola se inicia com sua fundação, compreendendo o período em que esteve situada em Weimar, 1919-1925, com Walter Gropius, seu idealizador, na direção. Gropius reuniu à sua volta pessoas de um nível cultural muito elevado, tais como: Johannes Itten, Paul Klee (1879-1940), Lyonel Feininger (1871-1956), Oskar Schlemmer (1888-1943), Wassily Kandinsky (1866-1944), Adolf Mayer (1843–1942), Georg Müche (1895-1986) e Laszlo Moholy-Nagy.
E alunos que, como Josef Albers (1888-1976), haviam sido brilhantes nos estudos e nos quais os conhecimentos teórico-artísticos e as capacidades materiais-artesanais fundiam-se num justo equilíbrio. Desta primeira fase merece destaque além do próprio Gropius, Johannes Itten, que instituiu o ensino preliminar, no qual os alunos aprendiam princípios e técnicas mais elementares.
Dentro deste período, foi realizada em 1923 a primeira exposição com objetos produzidos na Bauhaus. Argan (1970) descreve que essa exposição apresentava uma mudança de estilo variado, expressivo e dominado pela pesquisa individual, para uma expressão coletiva influenciada pelo movimento De Stijl e o concretismo russo.
A partir das teorias de formas e cores desenvolvidas por Paul Klee e Walassy Kandinsky foram desenvolvidos objetos funcionais. Em 1925 a escola mudou-se para Dessau. É uma fase caracterizada pela simplicidade funcional, com valorização das formas geométricas e simples contra os motivos ornamentais e puxados para o Barroco.
Nesse período surgiu o primeiro móvel de metal, que foi o exemplo típico de tal concepção. Em 1928, em Dessau, Gropius se desliga da Bauhaus e Hannes Meyer (1889-1954) é indicado como seu sucessor. Framptom (2000) descreve que sob a direção de Meyer, a Bauhaus foi orientada para um programa de design mais “socialmente responsável”, tornando-a mais funcionalista. Carmel-Arthur (2001) relata que a visão de Meyer era fundamentalmente tecnicista, pois acreditava que a arte deveria ser substituída pela ciência. O autor lembra ainda que essa foi a fase em que houve maior integração com a indústria.
Assim, seus projetos estavam fabricados de forma mais racional e através de modelos padronizados do que nunca, embora a ênfase agora incidisse sobre o social e não sobre considerações de ordem estética. Outra contribuição de Meyer para a escola foi a criação de quatro departamentos, a saber: arquitetura, publicidade, produção em madeira e metal, e têxteis. Framptom (2000) ressalta ainda que os departamentos foram enriquecidos com a introdução de cursos científicos complementares, como organização industrial e psicologia, ao mesmo tempo em que o setor de construção dirigia sua ênfase para a otimização econômica da organização de projetos e os métodos de cálculo precisos de luz artificial, luz solar, perda e ganho de calor e acústica.
Assim, o período em Dessau é caracterizado por uma produção técnico-industrial, diferenciada do período anterior marcado por uma posição artístico-artesanal. Ainda nesta segunda fase, a Bauhaus foi marcada por um período de hostilidade por parte da população social-democrata de Dessau. Droste (1994) relata que os professores que eram socialistas queriam uma arte democrática da qual o povo pudesse participar, através da construção de edifícios públicos e espetáculos culturais. Segundo a autora, as dificuldades que o país passava e as pressões da população fizeram com que esses projetos nunca fossem executados.
Em conseqüência dessa situação, a linha da Bauhaus mudou gradativamente rumo ao construtivismo e racionalismo, para que se adaptasse às necessidades e atendesse aos anseios do mercado. O período em Dessau marcou a academia como o momento em que o design industrial se fez presente, ou seja, a escola fornecia o suporte projetual às empresas, sugerindo modelo de ligação entre a indústria e a arte, entre a indústria e a criatividade organizada.
Deste modo, a escola tenta adaptar a criação à realidade da produção para estabelecer contato com a indústria. Assim, segundo Argan (1970) é predominante a estética expressionista e organicista para um modelo cada vez mais industrial e funcional. Procurou-se projetar formas mais simples para cada necessidade, ao mesmo tempo em que elas fossem agradáveis e sólidas.
Os produtos começaram a ganhar cores puras e formas geométricas elementares, a estética passou a ser mais importante do que a semântica. Ainda nessa fase, a escola passou a ser municipal. Dessau era uma cidade provinciana, porém era um importante pólo industrial, com intensa concentração operária. Droste (1994) afirma que nesse período a produção em série se tornou uma preocupação dominante, o que fez com que os projetos se adequassem aos recursos da indústria.
Houve maior atenção em relação à economia de materiais, às suas limitações e à linguagem plástica em termos de espaço. O domínio técnico passou a ser mais bem elaborado, pois os artistas deveriam saber produzir suas criações, não havendo distinção entre artista criador e artesão. Após as críticas recebidas, que se tornavam cada vez mais freqüentes, Mies Van der Rohe se tornou diretor da Bauhaus.
A escola estava passando por crises financeiras e as criações começaram a ganhar tons mais neutros em função de questões mais urgentes de utilidade e preços baixos. No entanto, a escola já estava suficientemente enfraquecida. Em 1932 a Bauhaus foi transferida para um armazém desocupado em Berlim e fechou em julho de 1933 após a invasão de 200 policiais (DROSTE, 1994).
1. Cadeira Wassily de Marcel Breuer
A primeira cadeira tubular na história do design, composta por uma única barra de metal tubular, que revolucionou a história do mobiliário moderno.
Bauhaus arte – cadeira wassily Breuer
Concebida por Marcel Breuer entre 1925 e 1926 e chamada de modelo B3, esta cadeira surpreendeu o pintor Wassily Kandinsky, amigo e colega de Breuer, tanto que levou o seu nome.
Excluindo o supérfluo, fica a geometria destacando o conceito original feito de lona e tubos de aço cromado, semelhantes aos tubos de uma bicicleta.
Reduzidos ao essencial, os objetos mostram apenas a sua função.
2. Berço de Peter Keler
O berço (Baby Cradle) foi concebido pelo arquiteto alemão Peter Keler na ocasião da primeira exibição da Bauhaus em Weimar em 1923. O uso de formas geométricas puras e cores primárias (amarelo, vermelho e azul) evoca claramente as obras do pintor Mondrian.
Bauhaus arte – berço Keler
A representação bidimensional do objeto destaca ainda mais o rigor geométrico das formas: um triângulo inscrito num círculo. O uso da circunferência não é acidental: permite a oscilação do berço tornando-o num objeto vivo, energético e, em particular, mais uma vez funcional.
3. Adjustable E-1027 de Eileen Gray
Elegância e requinte para este clássico entre os clássicos: proporção, leveza e transparência tornaram esta mesa num dos ícones da Bauhaus Arte e, em geral, do design do século XX.
Bauhaus arte – adjustable E-1027 Gray
A mesa para café E-1027 projetada por Eileen Gray em 1927 parece, de fato, uma criação contemporânea, tanto pelo uso de materiais quanto pela escolha de formas proporcionais e reduzidas (diâmetro de 51 cm e altura ajustável de 62 a 101 cm).
Uma curiosidade: este grande clássico leva o nome da residência E-1027 construída por Eileen Gray e Jean Badovici perto de Roquebrune-Cap-Martin (Mônaco). O seu nome é um verdadeiro ‘código secreto’: E como Eileen, o número 10 para Jean (J é a décima letra do alfabeto), 2 para B (adovici) e 7 para G (Ray).
4. Conjunto de xadrez Bauhaus de Josef Hartwig
Trazer beleza às casas de todos graças a objetos comuns educa os indivíduos para os valores de harmonia, estética e funcionalidade: mesmo um elemento lúdico como um tabuleiro de xadrez, portanto, é carregado de um profundo valor ideológico e democrático.
Aqui está o famoso tabuleiro de xadrez de Josef Hartwig, concebido pelo artista alemão entre 1923 e 1924.
Bauhaus arte – xadrez Hartwig
Hartwig realizou cada peça de acordo com a sua função real, ou seja, mover-se de forma pontual no tabuleiro de xadrez.
O valor estético é algo que acompanha a funcionalidade: o bispo torna-se num “X” para simbolizar os movimentos diagonais que pode fazer, o cavalo num “L” e o poder da rainha é transmitido por uma esfera em perfeito equilíbrio num cubo.
5. Cadeira Barcelona de Mies van der Rohe e Lilly Reich
Falando de ícones do design do século XX, não podemos deixar de mencionar a famosa cadeira Barcelona, um verdadeiro ícone da Bauhaus Arte.
Bauhaus arte – cadeira Barcelona Mies
A cadeira foi concebida por Mies van der Rohe, conjuntamente com a arquiteta Lilly Reich, em 1929 para a Exibição Internacional de Barcelona. Desde então, tornou-se num ícone lendário de estilo e elegância para arquitetos e designers de todo o mundo.
Em 1950, para acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias, a cadeira foi modificada: o chassi, inicialmente composto por duas seções aparafusadas, foi projetado novamente para obter uma única peça; foi, ainda, introduzido aço inoxidável e a original pele de javali marfim foi substituída por pele bovina.
6. Cadeira Brno de Mies van der Rohe
A cadeira Brno, outra obra-prima de Mies van der Rohe, foi concebida entre 1929 e 1930 para a sala de estar do casal Tugendhat, em Brno.
Mies tinha projetado a vila do casal, tratando também da decoração dos espaços interiores. Alguns dos móveis ultrapassaram a fama da vila, permanecendo ainda hoje no imaginário coletivo.
Bauhaus arte – cadeira Brno Mies
A intenção original era adicionar a sua cadeira MR20 à mesa embutida, mas isso ia ficar muito incomodo. O resultado foi um objeto reconhecível, que sugere leveza e luxo.
7. Chaleira de Marianne Brandt
A famosa chaleira, realizada em 1924 pela artista alemã Marianne Brandt, ainda hoje é tão famosa que foi recentemente vendida na Sotheby’s por 361.000 dólares.
O conceito começa mais uma vez da revisitação de um objeto tradicional, para chegar a um resultado completamente inovador e surpreendente.
Bauhaus arte – chaleira de Marianne Brandt
O desenho convencional de chaleira é reformulado e reduzido à sua matriz geométrica essencial, sem ornamentos.
O corpo da chaleira é um hemisfério de prata, apoiado numa estrutura cruciforme. A alça é um semicírculo de ébano que se estende no topo para facilitar a preensão e evitar a queima das mãos durante o uso. Os parafusos são orgulhosamente mostrados: cada elemento afirma abertamente a sua própria função.
8. Luminária MT8 de William Wagenfeld e Carl Jakob Jucker
A luminária MT8 ainda hoje é, provavelmente, o ícone mais reconhecível da Bauhaus Arte. Concebida pelo alemão Wilhelm Wagenfeld e pelo suíço Carl Jakob Jucker, esta luminária é o exemplo perfeito do princípio “a forma segue a função”.
Bauhaus arte – luminária MT8 Wagenfeld
A luminária é constituída por uma base circular, um corpo cilíndrico e uma cúpula hemisférica: três elementos que jogam com transparências diferentes. A ‘estrutura de suporte’ do objeto é de metal cromado e é exibida em toda a sua funcionalidade: a transparência completa do corpo da luminária torna-a intencionalmente visível e reconhecível.
Todo o processo de produção é totalmente industrial e o design é concebido para garantir a máxima eficiência de produção, otimizando tempos e custos de produção.
9. Maçaneta de Walter Gropius
Entre os objetos mais icônicos da Bauhaus não poderíamos deixar de mencionar uma peça realizada pelo fundador da escola, Walter Gropius: a maçaneta que o arquiteto originalmente concebeu para a fábrica de Fagus, projetada inteiramente por Gropius em 1923 e localizada em Alfeld, na Alemanha.
Bauhaus arte – maçaneta Gropius
A forma, embora estritamente geométrica, adapta-se à ergonomia do corpo humano.
Este objeto teve grande êxito: foi a primeira maçaneta produzida em massa e, ainda hoje, é o produto mais vendido da escola Bauhaus.
10. Mesas encaixadas de Josef Albers
Para concluir este resumo sobre as peças icônicas da Bauhaus Art, aqui está o conjunto de mesas encaixadas projetado entre 1926 e 1927 pelo designer Josef Albers.
Trata-se de uma síntese de todos os princípios da Bauhaus: cores primárias (amarelo, branco, vermelho e azul), formas simples e geométricas.
Bauhaus arte – mesas encaixadas Albers
O conjunto é composto por 4 elementos de tamanho variável: 4 mesas que podem ser empilhadas, tornando-se numa única mesa, ou que, se necessário, podem usadas separadamente. A combinação dos materiais utilizados também é nova: carvalho maciço para a estrutura e vidro acrílico envernizado para as superfícies.
O resultado é um produto multifuncional, com um aspecto lúdico e vivo, que parece antecipar em meio século o funcionalismo sueco da marca Ikea.
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