Fogaréu, longa de ficção da goiana Flávia Neves com Bárbara Colen no elenco, venceu o prêmio de audiência no Festival de Berlim, ao ser terceiro filme mais votado pelo público da Mostra Panorama.
“Happiness”, de Askar Usabayev e “Klondike”, de Maryna Er Gorbach, foram, respectivamente o primeiro e segundo colocados na votação.
Somando-se à sua notável programação de filmes latino-americanos, o agente de vendas MPM Premium, com sede em Paris, levou os direitos de vendas internacionais para “Fogaréu”, da escritora-diretora Flávia Neves, parte da nova onda de cineastas mulheres do Brasil, que é um dos desenvolvimentos mais emocionantes que o cinema do país tem atualmente.
MPM Premium apresenta o filme no Festival de Berlim desta semana, onde estreia mundialmente em 15 de fevereiro.
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Vislumbrado pela primeira vez no mercado de projetos Ventana Sur de 2020, “Fogaréu” compartilha um senso de atitude e uma agenda feminista e uma verve visual com os títulos brasileiros de Ventana Sur “A Nuvem Rosa”, de Iuli Gerbase, um thriller dirigido por personagens de ficção científica, e “A Alegria das Coisas”, retrato da maternidade de Thais Fujinaga, também em cartaz no mesmo mercado.
Sobre o filme
A brasileira Flávia Neves no Mundo do Cinema Berlinale ‘Fogaréu’ e suas Origens da Vida Real
Começa, por exemplo, com cenas ameaçadoras da Klu Klux Klan, marchando em direção à cidade colonial brasileira de Goiás, ou assim parece – até que um tiro inverso revela que eles são membros de uma procissão religiosa, vista do ponto de vista depreciativo de Fernanda, protagonista do filme.
Fernanda, uma brasileira moderna, voltou a Goiás, uma cidade colonial tradicional, para espalhar as cinzas de sua mãe adotiva. Uma vez em Goiás, porém, ela tira camadas de sigilo familiar para descobrir a verdade sobre suas próprias origens, o que diz muito sobre o conservador, Brasil rural.
Ao fazê-lo, um filme brasileiro noir adiciona camadas de realismo mágico e se constrói em uma representação lacerante de racismo, abuso de gênero e colonialismo residual no Brasil provincial.
“A trama é inspirada na história da minha mãe, que desde a infância trabalhou em condições semelhantes ao trabalho escravo de um rico proprietário. Por isso, Fogaréu parte de um ponto de vista bastante novo no cinema brasileiro: o dos oprimidos sobre o opressor”, disse Neves.
“Baseado em uma história verdadeira, Flávia Neves mostra um talento incrível na elaboração de um tenso thriller político com toques de fantasia. Além disso, Bárbara Colen oferece, como em ‘Bacurau’, uma performance impressionante que envolve o espectador até o último minuto do filme”, disse Quentin Worthington.
“Após o presciente filme de Iuli Gerbase ‘A Nuvem Rosa’, ‘Fogaréu’ é outro grande thriller feminista que parte de uma Nova Onda de cineastas brasileiras”, acrescentou.
A estreia de Neves é produzida no Brasil por Vania Catani na Bananeira Filmes, cujos créditos internacionais incluem “Zama”, de Lucrecia Martel, e “Jauja”, de Lisandro Alonso, e duas vezes vencedora do Emmy Internacional MyMama Entertainment e Caliandra Filmes. Dirigido por Gabrielle e Mayra Faour Auad, o MyMama coproduziu com a Bananeira Films Anita Rocha da Silveira, “Quinzena”, de 2021.
Uma coprodução franco-brasileira, apoiada pelo Aide Aux Cinemas Du Monde da CNC, “Fogaréu” é produzido fora da França pela Blue Monday, produtora de “Jeune Femme”, vencedora da Camera D’Or do Festival de Cannes de 2017 de melhor primeiro longa-metragem.
Os títulos latino-americanos recentes vendidos pelo MPM Premium incluem o destaque panorama 2020 do brasileiro Matías Mariani “Shine Your Eyes”, de 2021, o sucesso de Sundance “A Nuvem Rosa” e a cineasta paraguaia Paz Encina “Eami”, que em 2 de fevereiro levou o prêmio Tiger no IFF Rotterdam Festival deste ano.
O que Flávia Neves fala sobre o filme?
“O que vejo ocorrendo no Brasil e no mundo hoje é muito importante para criar concessões nessa indústria tão elitista e dominada pelos homens, como ocorre em qualquer lugar de poder e prestígio em uma sociedade criada para eles. Mas o que é mais importante ainda é que essa luta por equidade está resultando, embora que ainda timidamente, em reconhecimento aos filmes. Quando “Fogaréu” participou do Ventana Sur 2020, o mercado mais importante da América latina, junto com outros filmes dirigidos por uma nova geração de realizadoras brasileiras, a Variety escreveu um artigo sobre a surpreendente participação feminina do país em um momento tão difícil, o que a revista chamou de “nova onda do cinema feminino brasileiro”. O que me parece já uma resposta a um movimento de afirmação que vem ocorrendo nos últimos anos, mas mais do que isso, me arrisco a dizer que o cinema feito por mulheres pode ser sim o que o país tem de melhor para oferecer hoje. Nós mulheres, temos que nos preparar muito mais para disputar um lugar num mercado hostil, altamente complexo, que não foi pensado para nós. Temos que provar a todo instante nosso talento, temos que ter projetos melhores que a maioria, para se destacar. Não nos é permitido errar e nem fazer o esperado, temos que surpreender e superar as expectativas sempre. É muito mais desgastante e difícil? É. Como conseguimos fazer bons filmes remando contra a maré? Só tenho uma resposta: estamos melhor preparadas, pois historicamente tivemos que sorrir para um mundo que nos violenta, nos sobrecarrega e nos esgota e que nos delega apenas o papel de servir, procriar e criar condições para os homens brilharem. Se podemos criar as condições, também podemos brilhar.”
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